Outubro mês de contrastes
Há quase duas décadas, conversando com uma senhora idosa no Arco da Calheta aprendi um ditado revelador da enorme sabedoria popular: - “Em Outubro rebentam as pontes ou secam as fontes”.
De facto, nos últimos dois séculos, Outubro é o mês com maior probabilidade de ocorrerem chuvas violentas e consequentemente cheias catastróficas, que derrubaram muitas pontes e provocaram um elevado número de mortos.
Mas não raro, por Outubro prolonga-se o calor e a secura do Verão, deixando as nascentes secas e minguando o caudal das levadas.
O ditado popular, que aprendi já lá vão vinte anos, é o registo dos humores extremos da atmosfera, de momentos que deixaram marcas negativas na vida das populações.
Habitualmente as condições meteorológicas na Madeira são mais moderadas em Outubro. As primeiras chuvas a enriquecem os solos agrícolas e criam condições favoráveis para as terras da cordilheira central receberem as plantas, que tanto necessitam para recuperar a sua biodiversidade e beleza paisagística.
Para ontem estava programada a primeira plantação da Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal nas terras altas do Pico do Areeiro. Mas, como este é um daqueles Outubros em que secam as fontes, humildemente tivemos de respeitar os desígnios da Natureza e adiar a plantação.
Os 35 voluntários que compareceram no Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha não deram o seu tempo por perdido. Com extraordinário empenho prosseguiram o duro trabalho de limpeza da vegetação queimada e preparação do terreno para a próxima plantação, que deverá ocorrer a 29 de Outubro se, entretanto, a chuva fizer o favor de humidificar o solo.
Texto e fotos de Raimundo Quintal
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