01 agosto 2005

NÚMERO 30 • AGOSTO 2005



O nosso país parece, por vezes, deixar-se adormecer em relação aos problemas ambientais e à importância que a floresta desempenha na nossa vida.

A saga que são os fogos, é um bom exemplo desta realidade. Apenas com a chegada do Verão se toma consciência de que algo tem que ser feito, mas já aí hectares e hectares de floresta foram queimados.

La Fontaine escreveu, em tempo que já lá vão, a fábula “A Formiga e a Cigarra”. Era uma vez, uma formiga e uma cigarra... A formiga, durante o Verão e o Outono, trabalhou sem parar, armazenando mantimentos. Enquanto trabalhava, a cigarra cantava, pois era o que lhe dava gosto fazer.

Chegado ao Inverno, a cigarra nada teve para comer. Por outro lado, a formiga, aconchegada na sua casota, regozijava-se com os alimentos recolhidos.

Esta fábula, embora possa parecer desenquadrada do assunto a que este editorial se propõe, leva-nos a tirar ilações. A formiga era sinónimo de trabalho, a cigarra de prazer... uma não era mais importante que a outra, mas as suas atitudes só conjugadas, é que faziam sentido. O mesmo acontece com a nossa vida diária. Nada nela é conseguido sem trabalho, mas só com prazer é que a vivemos verdadeiramente.

Assim sendo, não podemos esquecer que é preciso agirmos tendo em vista um futuro, sendo de igual forma importante aproveitar o presente, e tudo o que dele provém.

É neste sentido, que a Associação tem, ao longo de todo o ano, participado na plantação ordenada de árvores e arbustos índigenas, como forma de reconstruir a, outrora existente, biodiversidade. Esta, a longo prazo, diminui o risco de erosão, aumenta os recursos hídricos e ajuda a travar a deflagração dos fogos..., sendo alicerce da nossa vida futura.

Por este motivo, nestes últimos meses de actividades, procedeu-se à manutenção das espécies plantadas.

Mas, e porque não só de trabalho se contrói a vida, podemos identificarmo-nos com a cigarra, deliciando-nos com o que a todos apraz — uma natureza verdejante, selvagem e pura, desvendada a passo e passo por aqueles que, nos percursos efectuados,vêm satisfeitos a ânsia de conhecimento e de recreação. O altear das joeiras, foi outra das formas escolhidas para mostrar que o céu é o limite para as nossas atitudes.

No entanto, se nos dias de hoje ainda faz sentido contar a história de uma formiga e de uma cigarra, que elucide para o facto de que grandes acções se constroem com pequenos gestos, nos dias que lá vêm, caso não se revolucionem mentalidades e se permaneça adormecido e acomodado, a história que teremos para contar aos nossos netos, será a de um mundo fustigado por cinzas, banhado na escuridão, afundado na saudade de outros tempos em que o verde purificava a alma, arrojava o espírito e dava a todas as espécies, incluindo a nossa, forças para Viver!

Carla Lucas




6 de Agosto Manutenção da plantação na área do Pico do Areeiro
20 de Agosto Percurso pedestre: Fanal - Vereda das Voltas - Chão da Ribeira - Seixal
3 de Setembro Manutenção da plantação na área do Pico do Areeiro
10 de Setembro Apanha de baga de Uveira da Serra e confecção de compota
24 de Setembro Percurso pedestre: Poço da Neve - Levada do Barreiro - Casa do Barreiro - Nascentes dos Tornos - Corujeira
8 de Outubro Plantação na área do Pico do Areeiro
15 de Outubro Percurso pedestre: Boca da Corrida - Pico do Cavalo - Trompica - Aviceiros - Boca da Corrida
5 de Novembro Plantação na área do Pico do Areeiro
14 a 25 de Novembro 8ª Mostra de Actividades
19 de Novembro Percurso pedestre: Lombo do Urzal - Origem da Levada dos Tornos - Casa dos Levadeiros - Fajã do Penedo
3 de Dezembro Plantação na área do Pico do Areeiro
17 de Dezembro Percurso pedestre: Lombada da Ponta do Sol - Levada Nova - Cabo da Levada (Ribeira da Ponta do Sol) - Lombada da Ponta do Sol




Dando continuidade ao projecto de reflorestação sócios, crianças e jovens, da Aldeia do Padre Américo, Abrigo de Nossa Senhora de Fátima e Patronato de Nossa Senhora das Dores, nos dias 7 de Maio, 4 de Junho e 9 de Julho dirigiram-se ao Pico do Areeiro com o intuito de contribuírem para a manutenção das espécies vegetais aí plantadas.

De referir que mesmo as condições climatéricas mais adversas não são obstáculo para as actividades em prol da natureza.





21 de Maio

Percurso pedestre com início na Achada do Teixeira, que contou com a presença de 45 pessoas. Envolvidos por uma extasiante visão abismal da Ilha, subiram até ao Pico Ruivo. Posteriormente rumaram à Boca das Torrinhas, onde a vegetação mostrou-se mais densa e diversificada. Ao caminharem para o Lombo do Urzal (Boaventura), deixaram para trás a anterior paisagem “selvagem”, abrindo os braços a uma outra, com claros sinais de presença humana, ilustrada pelos campos cultivados.


18 de Junho

O percurso, em terras do Paul da Serra, começou no Lajeado, na presença de 55 sócios e amigos. Foram percorridas as levadas do Pico da Urze e da Ribeira do Alecrim, até chegar à Lagoa do Vento que, esculpida por entre a falésia, proporciona abstracção aos visitantes, pela sua majestosa queda de água.

Posteriormente, seguiu-se para o Rabaçal com uma visita à queda de água do Risco. Após a travessia do túnel o percurso fez-se por estrada empedrada até ao topo do Paul da Serra, onde o autocarro aguardava os acompanhantes.



23 de Julho

Cerca de 50 sócios e amigos, iniciaram mais um percurso, desta feita junto à Central da Fajã da Nogueira. Subindo pela íngreme vereda alcançaram a levada que atravessando um túnel de 2.500 metros os levou à vertente norte da ilha. Os magníficos Caldeirão do Inferno e Caldeirão Verde foram alvos de uma atenta visita. A caminhada prosseguiu pela Levada do Caldeirão Verde, passagem pelo sítio das Queimadas, terminando no Pico das Pedras.




14 de Maio

Entre pequenos e graúdos, 16 concorrentes participaram no 3º Concurso de joeiras e papagaios de papel de fabrico artesanal no Chão da Lagoa. Altearam-se joeiras, resultado de um esforço criativo, que pretendeu reavivar as brincadeiras de outros tempos.




11 a 25 de Julho

Esteve patente ao público no Átrio dos Paços do Concelho, entre os dias 11 e 25 de Julho, uma exposição de fotografia de vários associados, subordinada ao tema “Percursos Pedestres”.






- Na época estival, eu não adormeço nem me escondo. Chamo-me Sol, estou sempre presente, premiando os seres que necessitam. Visito os jardins carregados de verde e coloridos. Observo este jardim fantástico e envio com prazer calor, energia e luz.

Podem olhar para o céu! Como espelho sou acolhido no seu azul e espalho os meus raios de ouro.

- Sol abraço os teus raios com carinho. Sei que nunca nos abandonarás. Sem ti não podemos viver. Peço-te perdão em nome dos Homens irresponsáveis que poluem o ar e sei que essa infelicidade chega até ti. Sou o Barbusano Luminosos. Quando envias os teus raios, as minhas folhas luzem de verde prateado.

- Que rico quentinho! Obrigado Sol pelo teu calor. Entras neste Jardim Fantástico como convidado especial. Todos os habitantes deste parque ambiental agradecem a tua vinda. O meu azul envaidece tornando-me o Massaroco Vaidoso e mais belo deste jardim.

- Psst! Somos os Gerânios, vivemos aqui em amizade. As nossas flores delicadas e bonitas necessitam de ti. O nosso roxo aviva quando cá entras com a tua luz.

- Água! Quero água, estou com sede! As minhas folhas já se curvam e as minha flores azuis murcham. Sou o Massaroco, sem água morro, ela também é importante!

- Nós sentimos falta das gotinhas vestidas de esmeralda e luar. Não ouvimos o ruído brando das ondas do mar! Sol, ajuda a água do mar a subir até ao céu. As nuvens depois enviarão em respingos a água desejada. Já não temos força, somos os Gerânios bonitos mas frágeis e delicados.

- Go-ti-nhas, go-ti-nhas, go-ti-nhas!!! Chamo já com voz enfraquecida. Sou o Massaroco! Preciso de água. Que tristeza não ouço a monotonia das pingas de chuva! Nem apressadas nem lentas, elas não caem!

- Também não ouço a musicalidade ritmada ping... pang... ping... tremia o Barbusano saudoso.

Nisto, o Massaroco, os Gerânios e o Barbusano apercebem-se de uma certa escuridão. Com alguma dificuldade olham para o Sol.

- Vejam, a nuvem tapou o Sol. Poderá ser a nossa salvação. Informou o Massaroco.

Nisto, caem gotas de chuva.

- Chamo-me Gotinha Fresquinha. As minhas amigas e eu damos de beber a todos os seres vivos. A nossa água doce nasceu no mar salgado. Essa água deve estar límpida e não poluída. Avisem às pessoas que vêm visitar o jardim. Se os Humanos continuarem a poluir os oceanos, um dia não haverá água.

- A tua preocupação será transmitida. Todos precisamos deste líquido. sem ele não há vida. Responderam os seres daquele jardim.

- Água! As minhas raízes tremem de alegria! E tu Massaroco?

- Suspiro de alívio, as minhas folhas brilham de gotinhas de água da chuva. As flores sorriem alegremente.

Os respingos saltam de folha em folha.

- Ui!! Que arrepio! A água deslizou para a terra que a sorveu. As nossas raízes sentiram cócegas gostosas. Diziam o Massaroco e o Barbusano. Saciadas, as plantas começaram a conversar. O tema era sobre a importância da água.

O Jardim Fantástico alegrou-se. O Sol voltou a oferecer a sua energia, calor e luz.

O apelo da gota foi transmitido a todos os visitantes.

História: Fátima Veríssimo
Ilustração: Eugénio Santos



FICHA TÉCNICA DESTE NÚMERO:
Edição A.A.P.E.F.
Directora Carla Lucas
Coordenação Eugénio Santos
Arranjo Gráfico Eugénio Santos - Gabinete de Arte e Design - CMF
Adaptação para o blog Virgílio Silva
Textos Carla Lucas
Raimundo Quintal
Fotos Alberto Franquinho
Elisabete Henriques
Eugénio Santos
Raimundo Quintal
Sónia Dória