30 agosto 2010

20 anos para recuperar

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Este Sábado, cerca de 60 cidadãos estiveram nas plantações do Pico do Areeiro e do Centro de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha para uma jornada de limpeza e preparação do terreno para receber sementes e plantas a partir de Outubro.

Raquel Gonçalves (texto) e Joana Sousa (fotos) do Diário de Notícias registaram o que viram:

in Diário de Notícias de 29 de Agosto de 2010

22 agosto 2010

Desgosto - 2010

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Ontem foi o primeiro dia dum longo trabalho para ajudar ao retorno da biodiversidade ao maciço montanhoso do Areeiro, após o violento incêndio de 13 e 14 de Agosto.

Para além do apoio dos sócios, a Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal recebeu cerca de 300 mensagens de cidadãos que querem colaborar connosco, o que nos dá alento para uma tarefa que se afigura bastante dura.

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Cerca de 50 voluntários começaram ontem no Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha a cortar os esqueletos calcinados das árvores e dos arbustos, bem como a podar aqueles em que temos esperança venham a rebentar de touça.

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Paralelamente e para que no próximo Sábado possamos ter condições para receber mais voluntários, foram demolidas as ruínas da casa e executados trabalhos de recuperação da rede de água alimentada por uma nascente localizada na propriedade.

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Com os materiais da demolição, o artista Rigo, com a ajuda dum grupo de amigos, criou a peça escultórica "DESGOSTO - 2010", que pretende despertar as consciências para a "brutal destruição que se tinha abatido sobre aquela casa, a nossa terra, as nossas memórias e os nossos sonhos" (Rigo).

Aproveito esta oportunidade para informar que o Arquitecto Paulo David, autor da notável obra da Casa das Mudas, foi um dos voluntários presentes e disponibilizou-se para criar o projecto do novo centro de educação ambiental que, estamos certos, constituirá um exemplo de simbiose entre arquitectura e ambiente.

Neste blogue está disponível o programa de actividades da Associação até ao final de 2010 e as informações para quem desejar participar nos trabalhos de recuperação da biodiversidade no Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha e na área do Parque Ecológico em que iremos colaborar com a Câmara do Funchal.

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Jornada de ontem no Telejornal Madeira



in Telejornal Madeira, RTP-Madeira, 22-08-2010

19 agosto 2010

Novo Programa de Actividades, até ao final do ano.

Membros da AAPEF reuniram-se ontem ao final da tarde para conhecer melhor a situação presente na cordilheira central da Madeira e debater as possíveis opções a seguir com o objectivo de recuperar a cobertura vegetal dessa área.

Durante os dias que se seguiram aos incêndios recebemos de algumas centenas de pessoas demonstrações de interesse em participar nesse trabalho e equacionámos a forma de as integrar. Gostaríamos de colocar de imediato toda esta gente a trabalhar lá em cima, mas fazê-lo sem a devida organização e meios e sem medidas de acção bem definidas seria correr o risco de desperdiçar o trabalho destes voluntários.

Pelo que optámos por fazer uma sessão de arranque, já no próximo Sábado, no Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha, com o objectivo de implementar nessa área condições mínimas de apoio às actividades futuras, uma vez que a cabana que servia de Centro de Educação Ambiental foi totalmente destruída, bem como restaurar funções básicas como o abastecimento de água a partir da nascente existente no perímetro do Campo. Para isso contaremos com uma equipa de voluntários que habitualmente participa nas actividades da AAPEF e que já tem experiência no campo e neste tipo de trabalho.

A partir de Sábado, 28 de Agosto, começaremos então com um programa reforçado de actividades nas áreas do Pico do Areeiro e do Campo de Educação Ambiental, já abertas a todas pessoas que desejem contribuir com o seu trabalho voluntário. Em vez de uma actividade mensal de manutenção/plantação, passaremos agora a fazê-lo todos os Sábados, excepto uma vez por mês, em que continuaremos a fazer um percurso pedestre de descoberta do património natural da ilha (ver detalhe no final deste artigo).

Quem desejar participar nas actividades anunciadas poderá inscrever-se através do e-mail amigosdoparque@gmail.com ou pelo telefone 291 783 999 (4ª e 6ª feira, das 16:00 às 18:00).

Embora a vontade de muitos seja iniciar a plantação de imediato, em rigor esta não é a melhor altura para o fazer. Até Outubro as condições climáticas são adversas para isso e certamente condenaríamos a morte prematura uma percentagem elevada dos espécimes plantados. Assim, até que as condições sejam propícias ao início da época de plantio, teremos de fazer um trabalho de limpeza dos esqueletos calcinados das muitas árvores e arbustos que foram atingidas pelo fogo e de preparação do terreno para plantação.

Falta-nos também apurar a quantidade de plantas de que poderemos dispor, uma vez que aqui não se trata de colocar na terra qualquer tipo de planta. Os incêndios propiciam condições ideais para a expansão de espécies invasoras e infestantes, como os eucaliptos, as acácias, a giesta ou a carqueja (tojo). É fundamental desde já manter estas espécies sob controlo apertado e ir reflorestando com espécies endémicas e indígenas características das áreas atingidas.

Entretanto continuaremos em contacto com as instituições oficiais no sentido de coordenarmos o nosso trabalho no campo e, por exemplo, com a eventual partilha de voluntários, se continuarmos a ter manifestações de interesse superiores à nossa capacidade de colocar todas essas pessoas no terreno.

Durante estes dias notámos alguma confusão nas missivas que nos foram enviadas sobre o que é de facto esta Associação.

A Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal é uma organização não governamental para o ambiente, sem fins lucrativos, que depende exclusivamente das contribuições dos seus sócios e da comercialização de publicações de edição própria. Somos actualmente cerca de 350 cidadãos que desde a fundação da Associação em Julho de 1996 tenta, com o seu trabalho voluntário, contribuir para a recuperação do coberto vegetal das nossas serras e para a educação e sensibilização das populações locais para as questões ambientais. Temos ao longo destes anos contado com a colaboração, persistente ou esporádica, de muitos outros cidadãos e organizações.

Os fundadores da AAPEF fizeram-no conscientes de que só com as instituições governamentais, sem o esforço voluntário e participação das populações, seria impossível levar a cabo o projecto de restaurar e preservar os tesouros naturais da ilha.

Apesar de o termos no coração, não somos o Parque Ecológico do Funchal, que é propriedade da Câmara Municipal do Funchal. Ao longo da nossa história temos colaborado com o PEF mas não depende de nós o destino e as orientações que são dadas no seu âmbito.

Fazemos esta clarificação para que compreendam melhor as nossas limitações de actuação, que actualmente se restringem à área de plantação no cimo do Pico do Areeiro e ao Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha, espaços diminutos em relação à totalidade da área consumida pelos recentes incêndios. Devido à grandeza do trabalho que nos espera nos próximos anos, tencionamos sair desses espaços e trabalhar também nas zonas vizinhas, onde operacionalmente podemos com mais facilidade colocar pessoas e meios.

Finalizamos com um agradecimento a todos os que de alguma forma manifestaram a sua solidariedade, esperando que não desanimem e mantenham a vontade em contribuir para deixar uma ilha melhor para os nossos descendentes.


PROGRAMA DE ACTIVIDADES ATÉ DEZEMBRO DE 2010
Data Actividade km G.Dif.
21 de Agosto Trabalhos de recuperação do Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha    
28 de Agosto Limpeza e preparação do terreno para plantação no Pico do Areeiro e no Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha    
4 de Setembro Percurso pedestre: Paul da Serra » Pico dos Assobiadouros » Louro da Gota » Fanal 10 2
11, 18 e 25 de Setembro Limpeza e preparação do terreno para plantação no Pico do Areeiro e no Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha    
2 de Outubro Percurso pedestre: Lombo do Mouro » Levada do Monte Medonho » Pináculo » Caramujo » Estanquinhos 10 2
9, 16, 23 e 30 de Outubro Plantação no Pico do Areeiro e no Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha    
6 de Novembro Percurso pedestre: Igreja dos Prazeres » Jardim Pelado » Lombo da Rocha » Paul do Mar 9 2
13, 20 e 27 de Novembro Plantação no Pico do Areeiro e no Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha    
4 de Dezembro Percurso pedestre: Achada da Felpa » Estação de tratamento de água de São Jorge » Levada do Rei » Ribeiro Bonito » Posto Florestal do Cascalho » Miradouro das Voltas » Ribeira Funda 16 2
11 e 18 de Dezembro Plantação no Pico do Areeiro e no Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha    
G.Dif. - Graus de dificuldade: 1 (Fácil); 2 (Médio); 3 (Difícil)

18 agosto 2010

Madeira - a cordilheira central depois do fogo

Voltei esta manhã ao Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha, quatro dias depois do fogo ter queimado em instantes quase toda a sua vegetação e cinco anos de trabalho de muitos voluntários que acreditaram no retorno da biodiversidade àquele pequeno planalto localizado no rebordo oriental do maciço encimado pelo Pico do Areeiro.

Depois da forte dor da perda sentida no Sábado, quando os troncos ainda fumegavam, hoje encontrei um ambiente silencioso, esmagadoramente negro e com odor a morte. Em toda a cordilheira central, até quase perder de vista, tudo está negro com excepção da esfera branca do radar, que definitivamente é a marca dum pico desfigurado.

As fotografias, mais do que as minhas palavras, mostram como a malvadez de alguns seres desumanos ajudada pela inexistência duma cultura de prevenção podem, em poucas horas, provocar graves rupturas nos ecossistemas desta pequena ilha e aumentar significativamente o risco duma cidade rasgada por três ribeiras.

Seis meses após as cheias repentinas e mortíferas de 20 de Fevereiro, a Ilha da Madeira ficou ecologicamente muito mais pobre e com um futuro económico sombrio, não porque a Natureza tenha sido madrasta, mas, bem pelo contrário, porque foi cobardemente queimada.

Depois de tudo o que aconteceu nos dias 13 e 14, não se poderão continuar a cometer os mesmos erros e a eleger o clima como bode expiatório. É tempo de debater sem complexos "A Protecção Civil e a Gestão das Florestas".

Aos responsáveis políticos desta Região, e especialmente a quem arrogantemente cultivou o discurso do domínio da Natureza, deixo uma sábia mensagem de Francis Bacon (1561 - 1626): "SÓ SE PODE VENCER A NATUREZA, OBEDECENDO-LHE".

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Área ardida no Cabeço da Lenha e reacendimentos

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Achada Grande

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Pico do Radar (ex-Pico do Areeiro)

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Vale da Fajã da Nogueira - esta foi uma das vistas mais bonitas da Madeira

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Por entre os esqueletos das urzes há imensas garrafas

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Poço da Neve com o Funchal em segundo plano

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Ficou assim a plantação da Associação dos Amigos do Parque Ecológico

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Pico Cidrão, Pico Grande, Pico Jorge - tudo queimado

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Vale da Ribeira do Cidrão - tudo ardido até ao Curral das Freiras

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Pico do Radar (ex-Pico do Areeiro)

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Miradouro do Ninho da Manta e Pico do Gato

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O verde desapareceu entre o Areeiro e o Pico Ruivo

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Cabeceira da Ribeira de Santa Luzia

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Ribeira das Cales - escorregamentos de 20 de Fevereiro e área ardida a 13 de Agosto

Texto e fotos de Raimundo Quintal

17 agosto 2010

Mensagem de solidariedade de “Turcón Ecologistas en Acción” (Ilhas Canárias)

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Después de haber estado en el archipiélago de Las Azores en unas productivas jornadas de intercambio con los Amigos dos Açores - Associação Ecológica, uno de nuestros socios en el protocolo de colaboración suscrito por Turcón Ecologistas en Acción con colectivos de defensa ambiental de la Macaronesia, recibimos comunicación de la Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal del voraz incendio forestal que ha arrasado la cumbre central de la isla de Madeira con muy especial incidencia sobre el Pico Areeiro y Pico Ruivo.

El descontrolado incendio acabó con una biodiversidad desbordante y con especies auténticas reliquias de la flora macaronésica y de Madeira. A la pérdida de esta amplia masa vegetal tenemos que añadir la destrucción por las llamas del Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha, espacio en plena zona cumbrera gestionado por los Amigos de Funchal para sus trabajos de educación ambiental y especialmente para las tareas de repoblación con especies indígenas, como a ellos mismos gusta de llamar. Ingente labor la realizada por dicha asociación en este campo de educación ambiental y que con este colosal fuego queda destruida, incluso modificando su programa de actividades, pero por los mensajes recibidos la energía y la tenacidad con la que han levantado este espacio para la ecología y el medio ambiente les da fuerza para volver a iniciar las labores de recuperación del lugar y de la cumbre central de la isla.

Turcón tuvo la oportunidad de recorrer la zona afectada con la interpretación y guía de nuestros colegas madeirenses y participar en una repoblación en el Campo de Educación Ambiental con los Amigos del Parque Ecológico de Funchal en abril de 2009 con motivo de la visita de estudio e intercambio celebrada en estas fechas en Madeira; de esta experiencia guardamos un grato recuerdo.

Turcón Ecologistas en Acción al igual que en el pasado invierno mostraba su solidaridad con las trágicas inundaciones acaecidas, no puede por menos que mostrar su apoyo e identificación en estos momentos tan difíciles para nuestros socios de Madeira que ven cómo la naturaleza de su isla es devorada por el fuego y además se lleva, creemos que de forma temporal, un espacio para la convivencia y el trabajo ecológico y natural; estamos esperanzados al igual que nuestros amigos que la recuperación no sólo es posible, sino deseable.

Un abrazo solidario y de apoyo para todos los que forman la Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal

16 agosto 2010

“Madeira em chamas” de Marco Livramento

Entre o muito que já se disse e se escreveu a propósito dos incêndios florestais na Madeira, merece destaque o que Marco Livramento escreveu no seu blogLugares Madeira”.

Recomendamos a sua leitura.

15 agosto 2010

Plano de Actividades e Agradecimento

Em virtude dos dramáticos eventos que reduziram a cinzas grande parte da cobertura florestal da cordilheira central da ilha da Madeira, suspendemos o programa de actividades que estava previsto até ao final do ano e nos próximos dias debateremos um plano de acção para as actividades imediatas de recuperação da plantação do Pico do Areeiro e do Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha, que aqui divulgaremos.

A Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal agradece a todos os que de alguma forma têm expresso a sua solidariedade e aos interessados em participar que se mantenham atentos a este espaço ou façam o registo nos campos abaixo.

Videos da zona queimada entre Poiso e Pico do Areeiro
(14 de Agosto de 2010)





Estes videos foram registados ao longo do dia ontem e mostram um pouco da devastação provocada pelo fogo na zona entre o Poiso e o Pico do Areeiro.

14 agosto 2010

Incêndios florestais na Madeira
no Telejornal Madeira de 14 de Agosto



in Telejornal Madeira, RTP-Madeira, 14-08-2010

O fogo varreu o Pico do Areeiro
(14 de Agosto de 2010)

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Esta madrugada, ao escrever o artigo anterior, ainda tinha alguma esperança de que o fogo não devorasse o Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha, edificado com enorme esforço pelos voluntários da Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal.

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Infelizmente entre as 2 e as 4 da manhã o lume arrasou quase tudo. A casa foi destruída. Muitos milhares de pequenas plantas desapareceram completamente. Do vasto manto de urzes e uveiras-da-serra apenas restam os esqueletos negros entre os blocos de basalto. As borboletas e os pássaros esvoaçam desorientados naquela paisagem onde esta manhã pairava um silêncio de morte.

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No Pico do Areeiro, onde estava a ser criado um oásis de vegetação indígena, menos de 10% das plantas resistiram à passagem do lume.

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Mas a catástrofe ecológica teve proporções muito mais amplas. O lume tem vagueado por toda a cordilheira central. Do Pico do Areeiro ao Pico Ruivo, a biodiversidade foi profundamente afectada. O melhor núcleo de vegetação de altitude foi literalmente arrasado. Uma pequena população de sorveira (Sorbus maderensis) desapareceu. Desta espécie endémica apenas sobreviveu na Natureza uma árvore na Bica da Cana, no planalto do Paul da Serra.

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Importantes áreas de Laurissilva na Fajã da Nogueira e na bacia hidrográfica da Ribeira Seca do Faial também estão a ser molestadas pelo fogo.

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Enorme delapidação da biodiversidade e um monstruoso caos de blocos à espera das próximas chuvas para correr encosta abaixo, são marcas do perigoso deserto que agora ocupa uma grande parte da cordilheira central.

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Nestes momentos de profunda dor temos de ganhar forças para recomeçar o difícil e moroso trabalho de recuperação do coberto vegetal das montanhas, que neste momento mais parecem campos bombardeados.

Texto e fotos de Raimundo Quintal

O fogo varreu o Pico do Areeiro
(13 de Agosto de 2010)

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Esta é uma notícia, que vos dou com o coração tão negro como solo calcinado das vertentes do Pico do Areeiro.

Entre as 12 e as 13 horas o lume (foto acima), impelido por rajadas de vento da ordem dos 100 km/hora, subiu velozmente as vertentes da Ribeira do Cidrão, vindo do fundo do Curral das Freiras.

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Ao chegar ao Pico do Areeiro começou a descer e queimou tudo o que encontrou pelo caminho. A plantação dos Associação dos Amigos do Parque Ecológico não escapou à voracidade das chamas e muito do trabalho realizado nos últimos dez anos foi destruído em instantes.

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A extraordinária autorregeneração da formação vegetal primitiva que estava a ocorrer na área do Poço da Neve, na vertente oriental da Ribeira de Santa Luzia, sofreu um forte revés.

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Os bombeiros e os funcionários do Parque Ecológico, apesar do trabalho abnegado, não conseguiram travar o fogo que transformou em cinzas uma parte significativa da vegetação do Chão da Lagoa e da vertente da Ribeira de Santa Luzia até à área da Casa do Barreiro, que também foi afectada.

O Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha, propriedade da Associação dos Amigos do Parque Ecológico, também foi atingido. Até este momento ainda não consegui avaliar a dimensão da área queimada. Logo pela manhã tentaremos lá chegar para fazer uma avaliação do que foi destruído e reflectir sobre a forma mais eficaz de iniciar a recuperação.

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Menos de seis meses depois da força arrasadora da água, as serras da Madeira são varridas pelo fogo. Mais uma vez os satélites meteorológicos registaram o fenómeno e já o difundiram na aldeia global. Esconder ou fazer demagogia não são bons remédios para minimizar as causas do terrível ciclo: aluvião no Inverno - fogo no Verão.

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É necessário reflectir e debater sem tibiezas, as causas naturais e antrópicas destes acidentes, que provocaram enormes feridas nos ecossistemas e na sociedade madeirense.

Nesta hora de profunda dor, apelo a todos os companheiros da Associação para que não desanimem perante este duro golpe e que acreditem que com o seu trabalho voluntário o verde das espécies indígenas voltará a cobrir de esperança as serras do Areeiro.

Texto de Raimundo Quintal
Fotos de Marcelino Silva