30 outubro 2010

Depois do fogo, o vandalismo

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A manhã estava esplêndida quando chegámos ao Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha para mais um dia de trabalho para ajudar a Natureza a recuperar das profundas queimaduras provocadas pelo fogo na madrugada de 14 de Agosto. Éramos cerca de meia centena de voluntários, jovens e menos jovens, cheios de ânimo.

Quando nos aproximámos da entrada, constatámos que algo de anormal tinha acontecido. A fechadura tinha sido destruída e o portão estava escancarado. Tentaram assaltar o armazém onde estão guardadas as máquinas, roubaram gasolina e até levaram a porta da casa de banho construída após o incêndio da casa.

O fogo destruiu quase tudo o que a Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal tinha criado desde 2001, agora temos de suportar o vandalismo!

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Depois de alguns momentos de profunda tristeza e revolta, recuperámos algum do ânimo com que ali chegáramos e os diferentes grupos iniciaram as tarefas previamente definidas.

Durante a manhã foram cortadas árvores e arbustos queimados, armado o solo com barreiras contra a erosão e triturados ramos secos para produção de composto orgânico. Nesse período foi dada uma atenção muito especial à limpeza das uveiras-da-serra (Vaccinium padifolium) que estão a lançar os primeiros rebentos a partir das raízes.

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Após o almoço para retemperar forças, na parte da tarde e já com a moral em alta, toda a gente se empenhou na plantação de loureiros (Laurus novocanariensis), urzes-das-vassouras (Erica platycodon subsp. maderincola), uveiras-da-serra (Vaccinium padifolium) e massarocos (Echium candicans). As plantas foram oferecidas pela Direcção Regional de Florestas e por alguns sócios.

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Ao fim de mais um dia de trabalho voluntário numa serra calcinada e carente de muita ajuda, é tempo para reflectir sobre o futuro da sociedade madeirense.

Os madeirenses querem o avanço da desertificação, mais aluviões, natureza estragada, desemprego, insegurança crescente, fome e emigração?

Ou querem a recuperação da biodiversidade, menores riscos de cheias repentinas, água de qualidade na torneira e no mar, natureza como principal motivo de atracção dos turistas, segurança e trabalho na Ilha?

É altura da sociedade madeirense debater em voz alta e sem medo o seu destino!

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texto e fotos de Raimundo Quintal

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