Voluntários limpam as áreas ardidas
e preparam o terreno para as novas plantas
Só quem sobe até aos píncaros da ilha consegue aperceber-se da verdadeira dimensão da catástrofe ecológica, que em 48 horas arrasou as melhores formações arbustivas de altitude, queimou importantes áreas de Laurissilva, fracturou o basalto, calcinou os solos, abriu enormes corredores para a erosão torrencial e transformou a cordilheira central num monstruoso deserto.
A maioria dos madeirenses ainda não se consciencializou da gravidade da situação das bacias hidrográficas das três ribeiras que atravessam o Funchal, da Ribeira dos Socorridos, da Ribeira Brava, da Ribeira do Porto Novo, da Ribeira de Santa Cruz, da Ribeira da Metade e da Ribeira Seca do Faial.
Para que a Natureza volte a ter um aspecto parecido com o que ostentava a 12 de Agosto serão necessárias várias décadas e muita ajuda humana. Mais importante do que os milhões de euros que serão gastos nas empreitadas de limpezas e plantações, será o investimento na educação dum povo que, apesar das muitas derrotas infligidas pelas forças da Natureza, continua a revelar uma angustiante falta de cultura de prevenção e uma enorme dificuldade em mobilizar-se em torno de projectos com objectivos que estejam para além dos interesses materiais imediatos.
Este Sábado, 75 voluntários estiveram no Pico do Areeiro e no Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha empenhados numa árdua e negra tarefa de ajudar a Natureza a iniciar o longo percurso de recuperação da biodiversidade destruída pelo fogo nos dias 13 e 14 de Agosto.
Todos foram extraordinários neste exercício de cidadania, mas é justo fazer uma referência especial à equipa dos Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos que, após muitos dias e muitas noites a enfrentar o fogo, esteve a trabalhar empenhadamente no corte de árvores e arbustos queimados e na sua colocação ao longo das curvas de nível com o objectivo de travar a erosão e fixar os solos para as futuras plantações de espécies indígenas.
As fotografias dão uma ideia do trabalho realizado e do muito que há para fazer. No próximo Sábado a Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal voltará à serra. Venha connosco!
A redução dos riscos das cheias repentinas e a diminuição do número e da dimensão dos fogos florestais só será possível quando as tarefas de recuperação e conservação da Natureza constituírem um desígnio da sociedade madeirense.
fotos de Emanuel Rocha e Raimundo Quintal
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