Cerca de três dezenas de voluntários da Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal plantaram neste sábado (29 de Outubro de 2011) cerca de 500 loureiros (Laurus novocanariensis) e quase uma centena de plantas de outras quatro espécies endémicas da Madeira: Pau-branco (Picconia excelsa), Folhado (Clethra arborea), Piorno (Teline maderensis) e Urze-das-vassouras (Erica platycodon subsp. maderincola). Foram também lançadas à terra sementes de Massaroco (Echium candicans) e Cabreira (Phyllis nobla).
Nesta jornada de trabalho contámos com a colaboração dum amigo francês e de um casal de sócios alemães. Enquanto a maioria dos madeirenses jamais participou na plantação duma árvore nas montanhas escalvadas, estes três turistas, que já visitaram várias vezes a Madeira, costumam dedicar dias das suas férias à nobre tarefa de recuperação da biodiversidade.
Estes e outros amigos estrangeiros participaram activamente no projecto OÁSIS NUM DESERTO DE MONTANHA, que foi quase totalmente arrasado pelo incêndio de Agosto de 2010, e agora estão ajudar-nos no projecto RENASCER DAS CINZAS, que tem por objectivo acelerar o regresso da flora e da fauna indígenas às terras do maciço montanhoso do Pico do Areeiro.
Há quase duas décadas, conversando com uma senhora idosa no Arco da Calheta aprendi um ditado revelador da enorme sabedoria popular: - “Em Outubro rebentam as pontes ou secam as fontes”.
De facto, nos últimos dois séculos, Outubro é o mês com maior probabilidade de ocorrerem chuvas violentas e consequentemente cheias catastróficas, que derrubaram muitas pontes e provocaram um elevado número de mortos.
Mas não raro, por Outubro prolonga-se o calor e a secura do Verão, deixando as nascentes secas e minguando o caudal das levadas.
O ditado popular, que aprendi já lá vão vinte anos, é o registo dos humores extremos da atmosfera, de momentos que deixaram marcas negativas na vida das populações.
Habitualmente as condições meteorológicas na Madeira são mais moderadas em Outubro. As primeiras chuvas a enriquecem os solos agrícolas e criam condições favoráveis para as terras da cordilheira central receberem as plantas, que tanto necessitam para recuperar a sua biodiversidade e beleza paisagística.
Para ontem estava programada a primeira plantação da Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal nas terras altas do Pico do Areeiro. Mas, como este é um daqueles Outubros em que secam as fontes, humildemente tivemos de respeitar os desígnios da Natureza e adiar a plantação.
Os 35 voluntários que compareceram no Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha não deram o seu tempo por perdido. Com extraordinário empenho prosseguiram o duro trabalho de limpeza da vegetação queimada e preparação do terreno para a próxima plantação, que deverá ocorrer a 29 de Outubro se, entretanto, a chuva fizer o favor de humidificar o solo.
Foi finalmente proferida sentença na acção conjunta que a Quercus e a nossa Associação instauraram em 2008 contra a construção do Teleférico do Rabaçal.
Assim, foi declarada a extinção da instância por inutilidade superveniente da lide, uma vez que se verifica a caducidade da Declaração de Impacte Ambiental (DIA) emitida pela Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais.
Verificada a caducidade da DIA a mesma deixa de ter qualquer efeito, pelo que fica afastada a possibilidade de construção do Teleférico do Rabaçal, o que era o nosso objetivo.
Vale a pena lutar. Continuaremos atentos na defesa intransigente do património natural da Região Autónoma da Madeira.
Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal
Primeira associação madeirense reconhecida como Organização Não Governamental para o Ambiente de Âmbito local - O.N.G.A. nº 99 Instituição de Utilidade Pública