21 agosto 2011

O regresso das urzes (20/8/2011)

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Urze-molar (Erica arborea)

Um ano depois do terrível incêndio que destruiu cerca de 850 hectares da formação vegetal da cordilheira central da Ilha da Madeira, começam a germinar as primeiras urzes nas vertentes voltadas a norte, humidificadas pelos nevoeiros e chuviscos gerados pela ascensão do alísio.

O retorno das urzes é um indicador do início do processo de auto-regeneração do ecossistema da alta montanha.

Com o objectivo de facilitar a recuperação da biodiversidade, os voluntários da Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal estiveram durante dia de ontem a limpar urzes ardidas e a produzir estilha com a ramagem queimada, duas tarefas essenciais para o sucesso da plantação, a partir de Outubro, de milhares de plantas de espécies que integravam o ecossistema mas que muito dificilmente recuperariam o seu espaço sem a ajuda humana.

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Urze-molar (Erica arborea)

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Limpeza das urzes ardidas

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Produção de estilha com as urzes ardidas

20 agosto 2011

Actividade no Campo de Educação
Ambiental do Cabeço da Lenha


in Telejornal Madeira (RTP-M) de 20 de Agosto de 2011

13 agosto 2011

Exactamente um ano depois do dia infernal

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No dia 13 de Agosto de 2010, exactamente há um ano, o lume numa correria louca arrasou quase toda a vida na cordilheira central da Ilha da Madeira.

Urzes centenárias, sorveiras raríssimas, uveiras carregadinhas de frutos, tudo ficou calcinado. Os pássaros calaram-se, as borboletas deixaram de esvoaçar. O silêncio era sepulcral!

Em poucas horas a Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal perdeu mais de 90 % das plantações no Pico do Areeiro e no Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha.

Em poucas horas quase dez anos trabalho transformaram-se em esqueletos calcinados e cinzas.

A dor foi enorme. Poucos conseguiram reprimir as lágrimas. O desalento invadiu muitos corações.

Mas ainda o solo fumegava e já um grupo de voluntários estava no terreno a trabalhar para que a biodiversidade renascesse das cinzas. Sábado após sábado, com chuva ou sol, com brisa fresca ou vento forte, demos as mãos às sobreviventes e colocámos cuidadosamente milhares de plantinhas na terra enegrecida.

Hoje, exactamente um ano depois do dia infernal, estivemos a trabalhar no Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha. Muito há a fazer para que a paisagem recupere a beleza perdida, mas os primeiros sinais vitais são animadores.

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Texto e fotos de Raimundo Quintal

06 agosto 2011

Fundação Calouste Gulbenkian apoia AAPEF

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Foi há praticamente um ano que um incêndio de grande dimensão devastou a cordilheira central da ilha, incluindo o trabalho que a AAPEF vinha realizando desde 2001 no Pico do Areeiro e desde 2005 no Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha.

Graças ao contributo inestimável de voluntários, não baixámos os braços e continuamos a trabalhar para trazer de volta às zonas altas da ilha a cobertura florestal indígena.

Além do trabalho de limpeza dos corpos calcinados de árvores e arbustos, formando barreiras ao longo das curvas de nível, foi criado um viveiro de plantas indígenas no Funchal que, graças ao trabalho dedicado de voluntários e ao contributo de cidadãos anónimos, já forneceu as primeiras plantas pioneiras que foram plantadas no Inverno passado no Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha e áreas vizinhas. Também cresceu ao ponto de já ter alguns milhares de plantas em condições de serem transferidas para as plantações de altitude a partir de Outubro.

Este trabalho mereceu mais uma vez o reconhecimento da Fundação Calouste Gulbenkian que, através do Programa Gulbenkian Ambiente, decidiu agora conceder um apoio no valor de €7.000 à nossa Associação, para a recuperação da biodiversidade no Pico do Areeiro e Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha.

Aproveitamos esta oportunidade para agradecer à Fundação Gulbenkian o continuado apoio que nos tem concedido, bem como a outras empresas e entidades oficiais, cidadãos anónimos, sócios e outros voluntários, que têm das mais diversas formas contribuido para o objectivo fundamental da AAPEF - criar oásis num deserto de montanha.

Aqui fica também um pequeno resumo fotográfico do que foram para a AAPEF os 12 meses passados.

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13 de Agosto de 2010: Nuvens de fumo cobrem o Funchal. Tarde demais.

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13 de Agosto de 2010: Sob um céu vermelho de sangue.

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13 de Agosto de 2010: As nuvens de fumo são tão densas que o Sol se pode ver a olho nu, sem filtros.

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14 de Agosto de 2010: O dia seguinte... o fogo já passou e deixa uma paisagem devastada, de esqueletos calcinados. E uma levadinha histórica, que provavelmente não mais será.

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14 de Agosto de 2010: Nem as pedras resistem.

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14 de Agosto de 2010: O trabalho de uma vida, reduzido a cinzas.

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21 de Agosto de 2010: O fim da cabana Dr. Rui Silva (Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha)

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21 de Agosto de 2010: com os despojos da destruição de uma semana antes, o artista plástico Rigo 23 realiza um memorial - "Desgosto 2010" - no Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha.

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Desde Setembro de 2010: Limpando uma floresta de carvão.

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Desde Setembro de 2010: Formando barreiras ao longo das curvas de nível com a matéria morta.

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Novembro de 2010: 3 meses depois, os primeiros sinais de esperança. Rebentos de Uveira-da-serra (Vaccinium padifolium) começam a aparecer junto aos cortes de touça.

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Janeiro de 2011: Criado o viveiro de plantas indígenas na Quinta Jardins do Lago, as primeiras pioneiras são levadas para a serra para plantação.

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Março de 2011: Enfrentando um período mais alongado de neve e gelo nos picos da ilha, que faz recear o pior, as jovens plantas resistem. Envolvidas em estilha recebem a protecção que necessitam para crescer e fazer face a mais dificuldades.

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Junho de 2011: Renascer. A cor começa a regressar ao Cabeço da Lenha.