Feliz Aniversário AAPEF!
A Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal comemora hoje a sua primeira década de existência, realizando um Colóquio sob o tema “Oásis num deserto de montanha”.
Para quem não tiver oportunidade de participar, aqui ficam os resumos de cada uma das conferências:
Resumo:
As origens do Parque Ecológico do Funchal remontam ao ano de 1918 quando a Câmara Municipal do Funchal adquiriu as parcelas de terreno que constituíam o Montado do Barreiro, com o intuito de o reflorestar e aproveitar as águas que nele brotavam para abastecer a cidade do Funchal.
br> No ano de 1994 a C.M.F. cria oficialmente o Parque Ecológico do Funchal, com a área aproximada de 1.000 ha, nele incorporando o antigo Montado do Barreiro e outras extensas parcelas entretanto adquiridas. Por esta altura tem início o controlo pioneiro do pastoreio selvagem, autêntico flagelo das serras da Madeira, a consolidação da propriedade autárquica então ilegitimamente reclamada pelos proprietários do gado, bem como o início do controle dos eucaliptos e das acácias e a reflorestação com recurso a espécies da flora indígena.
São definidas as três principais áreas de intervenção do Parque: A Conservação da Natureza, a Educação Ambiental e as Actividades de Recreio e Lazer, verificando-se desde logo uma grande procura da população do Funchal por esta área protegida.
O Parque passa a dispor de um viveiro de produção de plantas da flora indígena para a sua própria sustentação, nomeadamente em projectos de reflorestação financiados pelo FEOGA, que somam até ao presente uma área de intervenção de 188,6 ha.
Recentemente (2005), o Parque Ecológico foi ampliado em 12 ha. com a incorporação do Montado dos Curraleiros, e no tocante a estruturas foi aberto ao público o Centro de Recepção e Interpretação do Parque, de capital importância para as acções de educação ambiental. A oferta lúdica-juvenil foi ampliada com a entrada em funções da empresa “A Passo de Burro”.
Em Junho de 2006, cessa definitivamente a actividade de pastorícia no Parque.
O futuro do Parque Ecológico do Funchal passa pelo controle definitivo das espécies invasoras eucaliptos e acácias, e pela continuidade da regeneração natural do coberto vegetal de altitude. Neste campo, realça-se a abnegada intervenção da Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal, nas zonas de maior altitude do Parque.
Pretende-se ainda prosseguir com o alargamento do Parque Ecológico através da aquisição de parcelas contíguas, acção já em curso.
A criação do “Corredor da Água” consistirá na recuperação de um trilho centenário, de espectacular beleza, então traçado nas alcantiladas vertentes da ribeira de Santa Luzia, a par do restauro da antiga Estação Municipal de Tratamento de Água dos Tornos, a funcionar como museu vivo da água, constituem intervenções futuras que a breve trecho irão valorizar a oferta lúdica e de educação ambiental.
Resumo:
Em Setembro de 2001 a Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal solicitou à Câmara autorização para concentrar a sua actividade na zona mais alta do Parque, na área do Pico Areeiro, entre os 1700 e os 1800 metros de altitude. O risco era grande, mas maior era o desafio de criar um oásis num deserto de montanha. Ali a autorregeneração era praticamente impossível porque todo o coberto vegetal tinha desaparecido e nalguns espaços já nem solo havia. Onde a rocha madre aflorava só com a criação dum novo solo em cada caldeira seria possível instalar as plantas pioneiras para uma nova sucessão biológica.
Em Outubro de 2001 começaram os trabalhos. Desde então, todos os meses, pelo menos num sábado, trabalhamos na plantação e manutenção de espécies adequadas às características daquele ecossistema. De Outubro a Março decorre o período de plantação, sendo em cada jornada introduzidas entre 400 a 600 plantas. Entre Abril e Setembro são executados trabalhos de manutenção e regas. Para que as plantas aproveitem da melhor maneira a água e sejam menos afectadas pelas variações de temperatura, as caldeiras são cobertas com uma camada de estilha. Para que o vento não moleste as plantinhas são construídas protecções de pedra. Só assim foi possível garantir o sucesso da plantação num ambiente particularmente difícil.
Cerca de 6 ha (60.000 m²), que estavam completamente desertificados já ostentam as cores da biodiversidade graças ao trabalho voluntário e persistente dos Amigos do Parque Ecológico. A variegada floração de três arbustos endémicos da Madeira – piorno (Teline maderensis), massaroco (Echium candicans), estreleira (Argyranthemum pinnatifidum) – constituiu a primeira vitória na longa batalha de recuperação dum deserto pedregoso, criado durante cinco séculos de cortes de lenhas, incêndios e pastoreio intensivo.
Largas centenas de loureiros (Laurus novocanariensis), cedros-da-madeira (Juniperus cedrus) e urzes-molares (Erica arborea) crescem com aspecto saudável, o que confirma a justeza da sua selecção como as espécies adequadas ao ambiente climático da alta montanha, caracterizado por expressivas amplitudes térmicas diurnas e anuais, períodos de ventos fortes, formação de geadas, precipitação de neve e granizo, grande variação da humidade atmosférica e do solo entre o Inverno e o Verão.
Também já é possível observar as flores de herbáceas endémicas, como por exemplo, andríalas (Andryala varia), armérias-da-madeira (Armeria maderensis) e leitugas (Tolpis macrohiza).
A área onde a Associação está a intervir deverá funcionar como banco genético e foco difusor das plantas indígenas para as montanhas envolventes.
Mas nem só as plantas estão regressando. Durante a floração dos masarocos é belíssimo o espectáculo das borboletas. Aproveitando os esconderijos criados pela nova vegetação, os casais de corre-caminho (Anthus berthelotti madeirensisis) escolhem aquele espaço para nidificar.
Desde a primeira hora a Associação dos Amigos do Parque Ecológico tem contado com a colaboração da Câmara Municipal, que cede os autocarros para o transporte dos participantes nas diferentes actividades, autotanques para a rega e disponibiliza plantas produzidas no viveiro da Ribeira das Cales. Em 2003, por falta de capacidade deste viveiro, foram solicitadas plantas à Direcção Regional de Florestas, que permitiram cumprir o plano anual de plantação.
O apoio financeiro das empresas patrocinadoras e da Seacology – organização não governamental com sede nos EUA vocacionada para a preservação do ambiente e da cultura nas ilhas – tem sido precioso para a realização do nosso projecto, que é pioneiro na Madeira e poderá ser útil para outras ilhas montanhosas vítimas de processos de desertificação semelhantes.
Resumo:
Não há risco sem a presença do homem. Por isso, desde há muito tempo que o homem procura defender-se das manifestações de riscos naturais. No entanto, o homem pode agravar um risco natural. Há exemplos disso com as cheias de rios e de ribeiras, tal como com incêndios florestais ou movimentos de terras. Claro que o homem tem, actualmente, meios técnicos à sua disposição para mitigar a manifestação de certos riscos naturais, que, afinal, podem não ser apenas naturais. A verdade é que alguns desses meios podem, eles próprios, vir a agravar o risco num futuro mais ou menos próximo. Torna-se, portanto, fundamental ter consciência dos riscos e, principalmente, estar atento aos sinais de perigo no sentido de evitar consequências graves no caso de ocorrência de uma crise.
Para quem não tiver oportunidade de participar, aqui ficam os resumos de cada uma das conferências:
Conferencista: Eng. Henrique Costa Neves Título: Parque Ecológico do Funchal: O Passado, o Presente e o Futuro |
Resumo:
As origens do Parque Ecológico do Funchal remontam ao ano de 1918 quando a Câmara Municipal do Funchal adquiriu as parcelas de terreno que constituíam o Montado do Barreiro, com o intuito de o reflorestar e aproveitar as águas que nele brotavam para abastecer a cidade do Funchal.
br> No ano de 1994 a C.M.F. cria oficialmente o Parque Ecológico do Funchal, com a área aproximada de 1.000 ha, nele incorporando o antigo Montado do Barreiro e outras extensas parcelas entretanto adquiridas. Por esta altura tem início o controlo pioneiro do pastoreio selvagem, autêntico flagelo das serras da Madeira, a consolidação da propriedade autárquica então ilegitimamente reclamada pelos proprietários do gado, bem como o início do controle dos eucaliptos e das acácias e a reflorestação com recurso a espécies da flora indígena.
São definidas as três principais áreas de intervenção do Parque: A Conservação da Natureza, a Educação Ambiental e as Actividades de Recreio e Lazer, verificando-se desde logo uma grande procura da população do Funchal por esta área protegida.
O Parque passa a dispor de um viveiro de produção de plantas da flora indígena para a sua própria sustentação, nomeadamente em projectos de reflorestação financiados pelo FEOGA, que somam até ao presente uma área de intervenção de 188,6 ha.
Recentemente (2005), o Parque Ecológico foi ampliado em 12 ha. com a incorporação do Montado dos Curraleiros, e no tocante a estruturas foi aberto ao público o Centro de Recepção e Interpretação do Parque, de capital importância para as acções de educação ambiental. A oferta lúdica-juvenil foi ampliada com a entrada em funções da empresa “A Passo de Burro”.
Em Junho de 2006, cessa definitivamente a actividade de pastorícia no Parque.
O futuro do Parque Ecológico do Funchal passa pelo controle definitivo das espécies invasoras eucaliptos e acácias, e pela continuidade da regeneração natural do coberto vegetal de altitude. Neste campo, realça-se a abnegada intervenção da Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal, nas zonas de maior altitude do Parque.
Pretende-se ainda prosseguir com o alargamento do Parque Ecológico através da aquisição de parcelas contíguas, acção já em curso.
A criação do “Corredor da Água” consistirá na recuperação de um trilho centenário, de espectacular beleza, então traçado nas alcantiladas vertentes da ribeira de Santa Luzia, a par do restauro da antiga Estação Municipal de Tratamento de Água dos Tornos, a funcionar como museu vivo da água, constituem intervenções futuras que a breve trecho irão valorizar a oferta lúdica e de educação ambiental.
Conferencista: Dr. Raimundo Quintal Título: “Oásis num Deserto de Montanha – o repovoamento vegetal de 6 ha no Pico do Areeiro” |
Resumo:
Em Setembro de 2001 a Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal solicitou à Câmara autorização para concentrar a sua actividade na zona mais alta do Parque, na área do Pico Areeiro, entre os 1700 e os 1800 metros de altitude. O risco era grande, mas maior era o desafio de criar um oásis num deserto de montanha. Ali a autorregeneração era praticamente impossível porque todo o coberto vegetal tinha desaparecido e nalguns espaços já nem solo havia. Onde a rocha madre aflorava só com a criação dum novo solo em cada caldeira seria possível instalar as plantas pioneiras para uma nova sucessão biológica.
Em Outubro de 2001 começaram os trabalhos. Desde então, todos os meses, pelo menos num sábado, trabalhamos na plantação e manutenção de espécies adequadas às características daquele ecossistema. De Outubro a Março decorre o período de plantação, sendo em cada jornada introduzidas entre 400 a 600 plantas. Entre Abril e Setembro são executados trabalhos de manutenção e regas. Para que as plantas aproveitem da melhor maneira a água e sejam menos afectadas pelas variações de temperatura, as caldeiras são cobertas com uma camada de estilha. Para que o vento não moleste as plantinhas são construídas protecções de pedra. Só assim foi possível garantir o sucesso da plantação num ambiente particularmente difícil.
Cerca de 6 ha (60.000 m²), que estavam completamente desertificados já ostentam as cores da biodiversidade graças ao trabalho voluntário e persistente dos Amigos do Parque Ecológico. A variegada floração de três arbustos endémicos da Madeira – piorno (Teline maderensis), massaroco (Echium candicans), estreleira (Argyranthemum pinnatifidum) – constituiu a primeira vitória na longa batalha de recuperação dum deserto pedregoso, criado durante cinco séculos de cortes de lenhas, incêndios e pastoreio intensivo.
Largas centenas de loureiros (Laurus novocanariensis), cedros-da-madeira (Juniperus cedrus) e urzes-molares (Erica arborea) crescem com aspecto saudável, o que confirma a justeza da sua selecção como as espécies adequadas ao ambiente climático da alta montanha, caracterizado por expressivas amplitudes térmicas diurnas e anuais, períodos de ventos fortes, formação de geadas, precipitação de neve e granizo, grande variação da humidade atmosférica e do solo entre o Inverno e o Verão.
Também já é possível observar as flores de herbáceas endémicas, como por exemplo, andríalas (Andryala varia), armérias-da-madeira (Armeria maderensis) e leitugas (Tolpis macrohiza).
A área onde a Associação está a intervir deverá funcionar como banco genético e foco difusor das plantas indígenas para as montanhas envolventes.
Mas nem só as plantas estão regressando. Durante a floração dos masarocos é belíssimo o espectáculo das borboletas. Aproveitando os esconderijos criados pela nova vegetação, os casais de corre-caminho (Anthus berthelotti madeirensisis) escolhem aquele espaço para nidificar.
Desde a primeira hora a Associação dos Amigos do Parque Ecológico tem contado com a colaboração da Câmara Municipal, que cede os autocarros para o transporte dos participantes nas diferentes actividades, autotanques para a rega e disponibiliza plantas produzidas no viveiro da Ribeira das Cales. Em 2003, por falta de capacidade deste viveiro, foram solicitadas plantas à Direcção Regional de Florestas, que permitiram cumprir o plano anual de plantação.
O apoio financeiro das empresas patrocinadoras e da Seacology – organização não governamental com sede nos EUA vocacionada para a preservação do ambiente e da cultura nas ilhas – tem sido precioso para a realização do nosso projecto, que é pioneiro na Madeira e poderá ser útil para outras ilhas montanhosas vítimas de processos de desertificação semelhantes.
Conferencista: Doutor Fernando Rebelo Título: “O Homem e o Risco (dito) Natural” |
Resumo:
Não há risco sem a presença do homem. Por isso, desde há muito tempo que o homem procura defender-se das manifestações de riscos naturais. No entanto, o homem pode agravar um risco natural. Há exemplos disso com as cheias de rios e de ribeiras, tal como com incêndios florestais ou movimentos de terras. Claro que o homem tem, actualmente, meios técnicos à sua disposição para mitigar a manifestação de certos riscos naturais, que, afinal, podem não ser apenas naturais. A verdade é que alguns desses meios podem, eles próprios, vir a agravar o risco num futuro mais ou menos próximo. Torna-se, portanto, fundamental ter consciência dos riscos e, principalmente, estar atento aos sinais de perigo no sentido de evitar consequências graves no caso de ocorrência de uma crise.
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1 Comentário(s):
Na qualidade de leitora recente , quero felicitar todos os intervenientes em tão nobre iniciativa e desejar a maior força e alegria na concretização de todos os objectivos da AAPEF.
Um BEM HAJA para todos e CADA UM de vós...
Com apreço e carinho
Mª Irene
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