28 março 2008

Convocatória

Nos termos do nº 1 do art.º 5 do Estatuto desta Associação e do Regulamento Eleitoral, são marcadas eleições para os corpos gerentes (biénio 2008/2010) no dia 15 de Abril de 2008.

O acto eleitoral decorrerá na Sede da Associação das 16 às 20 horas.

Nos termos do Regulamento Eleitoral, as candidaturas obedecem aos seguintes requisitos:

I As listas são constituídas por 11 elementos:
3 para a Assembleia-Geral; 5 para a Direcção; 3 para o Conselho Fiscal.
II Devem incluir 4 suplentes:
1 para a Assembleia-Geral; 2 para a Direcção; 1 para o Conselho Fiscal.
III Para cada orgão deve ser indicado o nome e o cargo a que se propõe;
IV Só podem concorrer os sócios com plenos direitos;
V As listas têm de ser apresentadas até às 17 horas, do dia 11 de Abril, na sede da Associação.

Encontram-se patentes na Sede da Associação, para consulta, o Caderno Eleitoral, os Estatutos e o Regulamento Eleitoral.

Funchal, aos 10 de Março de 2008
A Presidente da Assembleia Geral
Susana Maria Barbosa


AAPEF-Convocatoria-Eleições2008
Publicado no ‘Diário de Notícias(Madeira)’ em 18 de Março de 2008

02 março 2008

Desdobrável “Oásis num deserto de montanha” já está publicado

OnDdM-01

Acabaram de ser lançados pela AAPEF os desdobráveis em português e inglês, subordinados ao tema “Oásis num deserto de montanha”, que apresentam um resumo da história desta associação, do trabalho realizado na zona de plantação no Pico Areeiro e no terreno recentemente adquirido onde foi instalado um Centro de Educação Ambiental.

A sua publicação é apoiada pelo Programa Gulbenkian Ambiente, resultando da candidatura que a AAPEF apresentou no final do ano passado ao concurso “Agir Ambiente”, do qual foi um dos 11 projectos premiados.

Já pode visualizar a reprodução digital destes folhetos utilizando as ligações mais abaixo, bem como os respectivos textos que se apresentam a seguir.


OÁSIS NUM DESERTO DE MONTANHA

Em Outubro de 1995, contra ventos e marés, ficou concluído o duro processo de retirada das cabras e ovelhas no Parque Ecológico do Funchal. Extinto o pastoreio, que tinha contribuído para a desertificação do Pico do Areeiro, começava a longa etapa da recuperação da paisagem e da biodiversidade dos píncaros da ilha. A tarefa não se afigurava fácil, mas era enorme a vontade de levar avante um processo fundamental para a segurança da cidade e o aumento dos recursos hídricos. Só o retorno da formação vegetal indígena poderá travar a erosão, diminuir os riscos de cheias catastróficas (aluviões) e aumentar os caudais das nascentes.

A 11 de Julho de 1996, foi constituída a Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal. Em Outubro de 2001, já com uma equipa de trabalho bem preparada, a Associação concentrou a sua actividade no Pico Areeiro, entre os 1700 e os 1800 metros de altitude. O risco era grande, mas maior era o desafio de criar um oásis num deserto de montanha. Ali a autorregeneração era praticamente impossível porque todo o coberto vegetal tinha desaparecido e nalguns espaços já nem solo havia. Onde a rocha madre aflorava só com a criação dum novo solo em cada cova seria possível instalar as plantas pioneiras para uma nova sucessão biológica.

De Outubro a Março decorre o período de plantação. Entre Abril e Setembro são executados trabalhos de manutenção e regas. Para que as plantas aproveitem da melhor maneira a água e sejam menos afectadas pelas variações de temperatura, as caldeiras são cobertas com uma camada de estilha. Para que o vento não moleste as plantinhas são construídas protecções de pedra.

Uma área que estava completamente desertificada, já ostenta as cores da biodiversidade graças ao trabalho voluntário e persistente dos Amigos do Parque Ecológico. Os piornos (Teline maderensis), começaram a cobrir-se de flores douradas em Abril e Maio de 2004. Em Junho e Julho desse ano as flores douradas das andríalas (Andryala glandulosa ssp. varia) associaram-se ao azul das belíssimas inflorescências dos massarocos (Echium candicans). As estreleiras (Argyranthemum pinnatifidum) também começaram a florir em 2004 e são cada vez maiores as manchas de flores brancas.

A variegada floração de três arbustos endémicos da Madeira – piorno, massaroco, estreleira – e duma herbácea macaronésica – andríala – constituiu a primeira vitória na longa batalha de recuperação dum deserto pedregoso, criado durante cinco séculos de cortes de lenhas, incêndios e pastoreio intensivo.

O espaço, objecto de intervenção desde 2001, funciona como banco genético e foco difusor das plantas indígenas para as montanhas envolventes. O vento alísio tem-se encarregado de dispersar as sementes do massaroco, do piorno, da estreleira ou das urzes.

Entretanto, largas centenas de loureiros (Laurus novocanariensis) e cedros-da-madeira (Juniperus cedrus ssp. maderensis) crescem com aspecto saudável, o que confirma a justeza da sua selecção como as espécies arbóreas adequadas ao ambiente climático da alta montanha, caracterizado por expressivas amplitudes térmicas diurnas e anuais, períodos de ventos fortes, formação de geadas, precipitação de neve e granizo, grande variação da humidade atmosférica e do solo entre o Inverno e o Verão.

Para além das espécies plantadas, já prosperam outros endemismos cujas sementes ali chegaram transportadas pelo vento: armérias-da-madeira (Armeria maderensis), leitugas (Tolpis macrohiza), plantagos-da-madeira (Plantago maderensis) e goivos-da-serra (Erysimum bicolor).

Mas nem só as plantas estão regressando. Durante a floração dos massarocos é extraordinário o espectáculo das borboletas. Aproveitando os esconderijos criados pela nova vegetação, os casais de corre-caminho (Anthus berthelotti madeirensisis) escolhem aquele espaço para nidificar.

Em Outubro de 2005, a Associação adquiriu o Montado do Cabeço da Lenha, um terreno com 5,3 ha, situado junto ao Parque Ecológico, com o objectivo de criar um Campo de Educação Ambiental. A casa (Cabana Dr. Rui Silva), já recuperada, funciona como centro de educação ambiental.

Decorre o trabalho de erradicação das espécies infestantes (Eucalyptus globulus, Ullex europeus, Cistus monspeliensis) e de plantação de plantas indígenas.

Nesta área há uma excelente autorregeneração de três urzes (Erica maderensis, Erica arborea e Erica platycodon ssp. maderincola). Nas clareiras, com o objectivo de recuperar a biodiversidade da formação vegetal primitiva, estão sendo plantados loureiros (Laurus novocanariensis), tis (Ocotea foetens), vinháticos (Persea indica), folhados (Clethra arborea), cedros-da-madeira (Juniperus cedrus ssp. maderensis), paus-brancos (Picconia excelsa), sanguinhos (Rhamnus glandulosa), tintureiras (Frangula azorica), faias-das-ilhas (Myrica faya), uveiras-da-serra (Vaccinium padifolium), piornos (Teline maderensis), massarocos (Echium candicans), estreleiras (Argyranthemum pinnatifidum ssp. pinnatifidum), leitugas (Sonchus fruticosus), aipos-do-gado (Melanoselinum decipiens), múchias-de-wollaston (Musschia wollastonii), isopléxis (Isoplexis sceptrum), ervas-de-coelho (Pericallis aurita), gerânios (Geranium palmatum), ranúnculos (Ranunculus cortusifolius) e orquídeas-da-serra (Dactylorhiza foliosa).

No Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha há um trilho com uma extensão de 4 Km, entre os 1540 m e os 1350 m de altitude, onde são realizadas visitas com o objectivo de fornecer informações sobre a origem e evolução geológica da Ilha da Madeira, a flora, a relação clima - vegetação - recursos hídricos.

A Associação dos Amigos do Parque Ecológico tem contado com a colaboração da Câmara Municipal do Funchal na cedência do autocarro para o transporte dos voluntários, do autotanque para a rega e das plantas. Desde 2006, por falta de capacidade do viveiro municipal da Ribeira das Cales, as plantas têm sido fornecidas pela Direcção Regional de Florestas.

Descarregar o desdobrável “Oásis num deserto de montanha” (em formato Acrobat PDF - aprox. 7.9 MB)



AN OASIS IN A MOUNTAIN DESERT

In October 1995, although facing some resistance, at last the hard task of withdrawing goats and sheep from the Ecological Park of Funchal was completed. Soon after the extinction of sheep and goat grazing, that had contributed for the desertification of Pico do Areeiro, began the long lasting stage to restore the landscape and biodiversity of the highest peaks of the island. At the time it did not sound like an easy task, but the will to carry forward a fundamental process for the town’s safety and to the increase of the water resources was enormous. Only the return of the indigenous vegetation can stop the erosion, reduce the risk of catastrophic floods and grow the flow of springs.

In July 1996, the “Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal” (Association of Friends of the Ecological Park of Funchal) was founded. In October 2001, with a well trained working team, the Association focused its activity at Pico do Areeiro, at 1700-1800m above sea level. The risk was big, but bigger was the challenge of creating an oasis in a mountain desert. There the self-restoration was almost impossible as the vegetal layer had disappeared completely and in some areas not even soil existed. In a rocky ground, holes had to be created to fill in with new soil so that it would be possible to install the first plants for a new biological succession.

The plantation period runs from October to March and between April and September it is time for maintenance work and watering. The planting holes are covered with a layer of wood splinters so that plants can better benefit from water and are less affected by temperature variations. Stone shelters are built to protect plants from wind.

An area which had become completely desertified, already displays the colours of biodiversity thanks to the persevering volunteer work of the “Amigos do Parque Ecológico”. Between April and May 2004 the Shrub Trefoil (Teline maderensis) were covered with golden blossoms. Later that year, in June and July, the Downy Sow Thistle (Andryala glandulosa ssp. varia) golden flowers were joined by the beautiful blue inflorescences of the Pride of Madeira (Echium candicans). In 2004 the Chrysanthemum (Argyranthemum pinnatifidum) also started to bloom and their white flower thickets got larger and larger.

The variegated flowering of the the three endemic shrubs of Madeira – Shrub Trefoil, Pride of Madeira, Chrysanthemum – and a Macaronesian herbaceous plant – Andryala – sets the first victory on the long lasting battle to restore a rocky desert, caused by five centuries of wood harvest, wildfires and intensive grazing.

Since 2001, the area under intervention works as a gene bank and as a spread centre of indigenous plants for the neighbouring mountains. The trade wind has been duly scattering the seeds of Pride of Madeira, Shrub Trefoil, Chrysanthemum and Heath.

Meanwhile, hundreds of healthily growing Laurel trees (Laurus novocanariensis) and Madeira Cedar (Juniperus cedrus ssp. maderensis) verify the righteous selection as tree species that fit in a climate of high altitude environment characterised by significant daily and yearly temperature ranges, strong wind periods, frost formation, snow and hail precipitation and high variance of air and ground humidity between Winter and Summer.

Apart from the planted species, other endemic plants already succeeded from seeds that were brought by the wind: Madeira Thrift (Armeria maderensis), Leituga (Tolpis macrorhiza), Madeira Plantain (Plantago maderensis) and Mountain wallflower (Erysimum bicolor).

But plants are not the only comebacks. During the Pride of Madeira blossoming the butterfly show is extraordinary. Couples of Berthelot’s Pipit (Anthus berthelotti madeirensis) take advantage of the hideouts created by the new vegetation, fine places for nesting.

In October 2005, the Association acquired “Montado do Cabeço da Lenha”, a 5,3 ha land plot located next to the Ecological Park with the purpose to install an Environmental Educational Camp. A restored mountain hut (named after its former owner, Dr. Rui Silva), serves as an environmental educational centre.

Here, along with the eradication of infesting species (Eucalyptus globulus, Ulex europeus, Cistus mospeliensis), planting of indigenous species is taking place.

Here we can already witness the excellent self-restoration of three species of Heath (Erica maderensis, Erica arborea and Erica platycodon ssp. maderincola). In order to recover the biodiversity of the original vegetation, some species are being planted in glades, such as the Bay tree (Laurus novocanariensis), Fetid Laurel (Ocotea foetens), Madeira Mahogany (Persea indica), Lily of the Valley tree (Clethra arborea), Madeira Cedar (Juniperus cedrus ssp. maderensis), Picconia (Picconia excelsa), Dogwood (Rhamus glandulosa), Large-leaved Buckthorn (Frangula azorica), Wax Myrtle (Myrica faya), Madeira Blueberry (Vaccinium padifolium), Shrub Trefoil (Teline maderensis), Pride of Madeira (Echium candicans), Chrysanthemum (Argyranthemum pinnatifidum ssp. pinnatifidum), Shrubby Sow Thistle (Sonchus fruticosus), Black Parsley (Melanoselinum decipiens), Wollaston’s Musschia (Musschia Wollastonii), Madeira Yellow Foxglove (Isoplexis sceptrum), Madeira Groundsel (Pericallis aurita), Madeira Geranium (Geranium palmatum), Madeira Buttercup (Ranunculus cortusifolius) and the Madeira Mountain Orchids (Dactylorhiza foliosa).

At the Environmental Educational Camp of Cabeço da Lenha there is a 4 km path, at 1540-1350m above sea level, where visits are carried out providing information about the geological origin and evolution of Madeira Island, its flora and the relation climate-vegetation-water resources.

The “Associação dos Amigos do Parque Ecológico” also relies on the support of the City Council, which provides transport to the participating volunteers and plants, and a tank truck for the watering. Since 2006, due to the low production level at the Council’s plant nursery of Ribeira das Cales, they have been supplied by the “Direcção Regional de Florestas”.

Download “An Oasis in a mountain desert” leaflet (approx. 4.8 MB Acrobat PDF file)