13 julho 2006

10 Anos (11 de Julho, 1996-2006)

1. O Colóquio: “Oásis num deserto de montanha”
14:30 Sessão de Abertura

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Dr. Miguel Albuquerque
Presidente da Câmara Municipal do Funchal
 


15:00 Conferencista: Eng. Henrique Costa Neves,
Vereador do Ambiente da Câmara Municipal do Funchal,
“Parque Ecológico do Funchal – o passado, o presente e o futuro”

Resumo:

As origens do Parque Ecológico do Funchal remontam ao ano de 1918 quando a Câmara Municipal do Funchal adquiriu as parcelas de terreno que constituíam o Montado do Barreiro, com o intuito de o reflorestar e aproveitar as águas que nele brotavam para abastecer a cidade do Funchal.

No ano de 1994 a C.M.F. cria oficialmente o Parque Ecológico do Funchal, com a área aproximada de 1.000 ha, nele incorporando o antigo Montado do Barreiro e outras extensas parcelas entretanto adquiridas. Por esta altura tem início o controlo pioneiro do pastoreio selvagem, autêntico flagelo das serras da Madeira, a consolidação da propriedade autárquica então ilegitimamente reclamada pelos proprietários do gado, bem como o início do controle dos eucaliptos e das acácias e a reflorestação com recurso a espécies da flora indígena.

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São definidas as três principais áreas de intervenção do Parque: A Conservação da Natureza, a Educação Ambiental e as Actividades de Recreio e Lazer, verificando-se desde logo uma grande procura da população do Funchal por esta área protegida.

O Parque passa a dispor de um viveiro de produção de plantas da flora indígena para a sua própria sustentação, nomeadamente em projectos de reflorestação financiados pelo FEOGA, que somam até ao presente uma área de intervenção de 188,6 ha.

Recentemente (2005), o Parque Ecológico foi ampliado em 12 ha. com a incorporação do Montado dos Curraleiros, e no tocante a estruturas foi aberto ao público o Centro de Recepção e Interpretação do Parque, de capital importância para as acções de educação ambiental. A oferta lúdica-juvenil foi ampliada com a entrada em funções da empresa “A Passo de Burro”.

Em Junho de 2006, cessa definitivamente a actividade de pastorícia no Parque.

O futuro do Parque Ecológico do Funchal passa pelo controle definitivo das espécies invasoras eucaliptos e acácias, e pela continuidade da regeneração natural do coberto vegetal de altitude. Neste campo, realça-se a abnegada intervenção da Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal, nas zonas de maior altitude do Parque.

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Pretende-se ainda prosseguir com o alargamento do Parque Ecológico através da aquisição de parcelas contíguas, acção já em curso.

A criação do “Corredor da Água” consistirá na recuperação de um trilho centenário, de espectacular beleza, então traçado nas alcantiladas vertentes da ribeira de Santa Luzia, a par do restauro da antiga Estação Municipal de Tratamento de Água dos Tornos, a funcionar como museu vivo da água, constituem intervenções futuras que a breve trecho irão valorizar a oferta lúdica e de educação ambiental.


15:30 Conferencista: Dr. Raimundo Quintal,
Presidente da Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal,
“Oásis num Deserto de Montanha – o repovoamento vegetal de 6 ha no Pico do Areeiro”

Resumo:

Em Setembro de 2001 a Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal solicitou à Câmara autorização para concentrar a sua actividade na zona mais alta do Parque, na área do Pico Areeiro, entre os 1700 e os 1800 metros de altitude. O risco era grande, mas maior era o desafio de criar um oásis num deserto de montanha. Ali a autorregeneração era praticamente impossível porque todo o coberto vegetal tinha desaparecido e nalguns espaços já nem solo havia. Onde a rocha madre aflorava só com a criação dum novo solo em cada caldeira seria possível instalar as plantas pioneiras para uma nova sucessão biológica.

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Em Outubro de 2001 começaram os trabalhos. Desde então, todos os meses, pelo menos num sábado, trabalhamos na plantação e manutenção de espécies adequadas às características daquele ecossistema. De Outubro a Março decorre o período de plantação, sendo em cada jornada introduzidas entre 400 a 600 plantas. Entre Abril e Setembro são executados trabalhos de manutenção e regas. Para que as plantas aproveitem da melhor maneira a água e sejam menos afectadas pelas variações de temperatura, as caldeiras são cobertas com uma camada de estilha. Para que o vento não moleste as plantinhas são construídas protecções de pedra. Só assim foi possível garantir o sucesso da plantação num ambiente particularmente difícil.

Cerca de 6 ha (60.000 m²), que estavam completamente desertificados já ostentam as cores da biodiversidade graças ao trabalho voluntário e persistente dos Amigos do Parque Ecológico. A variegada floração de três arbustos endémicos da Madeira – piorno (Teline maderensis), massaroco (Echium candicans), estreleira (Argyranthemum pinnatifidum) – constituiu a primeira vitória na longa batalha de recuperação dum deserto pedregoso, criado durante cinco séculos de cortes de lenhas, incêndios e pastoreio intensivo.

Largas centenas de loureiros (Laurus novocanariensis), cedros-da-madeira (Juniperus cedrus) e urzes-molares (Erica arborea) crescem com aspecto saudável, o que confirma a justeza da sua selecção como as espécies adequadas ao ambiente climático da alta montanha, caracterizado por expressivas amplitudes térmicas diurnas e anuais, períodos de ventos fortes, formação de geadas, precipitação de neve e granizo, grande variação da humidade atmosférica e do solo entre o Inverno e o Verão.

Também já é possível observar as flores de herbáceas endémicas, como por exemplo, andríalas (Andryala varia), armérias-da-madeira (Armeria maderensis) e leitugas (Tolpis macrohiza).

A área onde a Associação está a intervir deverá funcionar como banco genético e foco difusor das plantas indígenas para as montanhas envolventes.

Mas nem só as plantas estão regressando. Durante a floração dos masarocos é belíssimo o espectáculo das borboletas. Aproveitando os esconderijos criados pela nova vegetação, os casais de corre-caminho (Anthus berthelotti madeirensis) escolhem aquele espaço para nidificar.

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Desde a primeira hora a Associação dos Amigos do Parque Ecológico tem contado com a colaboração da Câmara Municipal, que cede os autocarros para o transporte dos participantes nas diferentes actividades, autotanques para a rega e disponibiliza plantas produzidas no viveiro da Ribeira das Cales. Em 2003, por falta de capacidade deste viveiro, foram solicitadas plantas à Direcção Regional de Florestas, que permitiram cumprir o plano anual de plantação.

O apoio financeiro das empresas patrocinadoras e da Seacology – organização não governamental com sede nos EUA vocacionada para a preservação do ambiente e da cultura nas ilhas – tem sido precioso para a realização do nosso projecto, que é pioneiro na Madeira e poderá ser útil para outras ilhas montanhosas vítimas de processos de desertificação semelhantes.


16:30 Conferencista: Dr. Fernando Rebelo,
Professor Catedrático e Ex-Reitor da Universidade de Coimbra,
“O Homem e o Risco (dito) Natural”

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Resumo:

Não há risco sem a presença do homem. Por isso, desde há muito tempo que o homem procura defender-se das manifestações de riscos naturais. No entanto, o homem pode agravar um risco natural. Há exemplos disso com as cheias de rios e de ribeiras, tal como com incêndios florestais ou movimentos de terras.

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Claro que o homem tem, actualmente, meios técnicos à sua disposição para mitigar a manifestação de certos riscos naturais, que, afinal, podem não ser apenas naturais. A verdade é que alguns desses meios podem, eles próprios, vir a agravar o risco num futuro mais ou menos próximo.

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Torna-se, portanto, fundamental ter consciência dos riscos e, principalmente, estar atento aos sinais de perigo no sentido de evitar consequências graves no caso de ocorrência de uma crise.


17:30 Debate

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2. A Exposição: “Essências da Ilha”
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Uma combinação de poesia, pintura e fotografia com trabalhos de Elisabete Henriques, Eugénio Santos, Nélia Susana e Sónia Dória, que complementam o poema que dá o nome ao evento, da autoria de Carla do Vale Lucas.

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Elisabete Henriques
“Luta”
Acrílico s/ tela
 

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Eugénio Santos
“Mundus”
Fotografia
 

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Nélia Susana
“Origem”
Acrílico e colagens s/ tela
 

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Sónia Dória
“Liberdade”
Fotografia
 

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Em paralelo, decorreu uma exibição de painéis fotográficos ilustrando a história desta primeira década da AAPEF.
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3. O Jantar comemorativo
no Hotel Porto Santa Maria
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Planta-dos-dentes (Plumeria rubra var.acutifolia) — México  

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Múchia-dourada (Musschia aurea) — Planta herbácea endémica da Madeira, utilizada como planta ornamental no jardim do Hotel Porto Santa Maria  

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Fotos de Ana Cristina Gouveia e Virgílio Silva

1 Comentário(s):

Blogger Helena escreveu...

A Associação dos amigos do Parque Ecológico do Fx está de parabéns pelo trabalho incansável que tem sido desenvolvido. E os resultados estão à vista de todos! Continuem!

26 julho, 2006 23:06  

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